Perfil profissional do cuidador de idosos

O trabalho de um cuidador de idosos é uma atividade complexa que vai muito além de cuidar do bem-estar físico do idoso, e precisa ser executada de forma humanizada e responsável. Dentro desse contexto, para que o trabalho com o idoso seja desenvolvido da melhor forma possível, o cuidador deve ter consciência do seu papel e a forma como vê sua função dentro do âmbito familiar.

Garantir o bem-estar do idoso, portanto, envolve estar atento a aspectos como higiene, alimentação e medicação, mas também trabalhar elementos que envolvam a autonomia e autoestima da pessoa idosa, e isso só é possível através de um ambiente de trabalho saudável. 

Como se comportar no ambiente de trabalho? 

Muitas famílias ainda vem o cuidador de idosos como um empregado doméstico da família, que dispensa qualificação profissional específica, e por isso, o primeiro desafio em muitos domicílios é fazer com que a família entenda que o profissional está ali para atender as demandas da pessoa idosa, e não para cuidar do restante da família. 

Neste ponto, é importante que ao ser contratado, o cuidador e o contratante, que pode ser o idoso ou familiar responsável, devem estabelecer as normas da casa, a rotina a ser seguida e as atividades a serem desempenhadas, sempre de acordo com a lei trabalhista vigente. Por exemplo, em alguns casos, o cuidador pode ser encarregado de algumas tarefas domésticas, como limpar o quarto da pessoa idosa, lavar e passar sua roupa, entre outras atividades. 

A postura profissional deve ser observada a todo instante, e uma ótima forma de começar é com a forma de se vestir. Roupas brancas, uniforme ou não, são sempre indicadas por passar uma percepção de limpeza e higiene.  O uso do uniforme deve ser tratado durante a contratação. 

A carga horária do cuidador geralmente coincide com a das pessoas da família, por isso, faltas devem ser evitadas ao máximo, visando não deixar o idoso sozinho ou atrapalhar a rotina dos familiares, que muitas vezes não tem uma terceira pessoa a quem recorrer. Da mesma forma, a família deve respeitar os horários de descanso e folga do profissional. 

O cuidador e a família devem manter uma boa convivência e procurar estar sempre alinhados sobre as medidas que devem ser tomadas para uma melhor qualidade de vida da pessoa idosa, por isso, devem ter conversas constantes, ao menos uma vez na semana, sobre os progressos e dificuldades enfrentadas por ambos, cuidador e idoso. 

Como agir quando presenciar abusos

Apesar da convivência diária, e do vínculo natural que se forma entre cuidador e idoso, o trabalhador deve se atentar ao cumprimento da função pela qual foi contratado, e evitar ao máximo intrometer-se em assuntos familiares não relacionados a sua função. 

No entanto, no caso de pessoas idosas, que além dos cuidados, precisam também de proteção, caso haja suspeita de maus tratos ou de que algo ilegal esteja acontecendo, como abuso financeiro e outros crimes praticados contra os mais velhos, por parte da família ou outras pessoas e instituições, por exemplo, o cuidador pode reportar suas suspeitas as autoridades responsáveis. 

De acordo com o Artigo 6º da Lei do Estatuto do Idoso (Lei n.º 10.741, de 1.º de outubro de 2003), “Todo cidadão tem o dever de comunicar à autoridade competente qualquer forma de violação a esta Lei que tenha testemunhado ou de que tenha conhecimento.”.  O Artigo 7º ainda estabelece que “Os Conselhos Nacional, Estaduais, do Distrito Federal e Municipais do Idoso, previstos na Lei nº 8.842, de 4 de janeiro de 1994, zelarão pelo cumprimento dos direitos do idoso, definidos nesta Lei.”. As denúncias podem ainda ser feitas diretamente as autoridades policiais e ao Ministério Público.  (Consulte o documento completo em bit.ly/2Q23WSy). 

Com o envelhecimento gradativo da nossa população, o trabalho de um cuidador se torna cada vez mais necessário. Por isso, se você acredita possuir o perfil indicado para a função, procure se profissional e estar preparado para os desafios desta profissão.